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Sobre a avaliação dos professores


DATENAS - A UNESCO considera que avaliação dos professores é um elemento imprescindível
para melhorar a qualidade do ensino.
Sobre o tema estamos pois conversados, que mais não fora também, porque em democracia os sistemas de avaliação impulsionam os sistemas de prestação de contas sobre a utilização dos fundos públicos.
Se assim é, atento o pressuposto do nível intelectual dos intervenientes, com se explica o actual o braço de ferro no sistema educativo em Portugal?

É óbvio, que o Ministério da Educação, com a incompetência que se reconhece ás suas estruturas de mais de 30 anos de vícios e compadrios, a que se junta alguma prepotência que só a pressa das reformas impõe, não augurava nada de bom.
Mas também, não é menos certo que da parte dos professores, pelo menos na sua mensagem sindical, se deve excluir a utopia de o sistema educativo possuir apenas bons profissionais nos quadros docentes. Quando a fartura é muita, o pobre desconfia!
Vamos então ao que interessa ao cidadão e ao país.
Até ao recente congelamento das carreiras docentes, o acesso dos professores licenciados ao 10.º escalão era feito num processo avaliativo tipo calha que permitia deslizar sem atrito. Dependia dos anos de serviço e da frequência de acções de formação meramente presenciais, geralmente sem qualquer critério. Aliado a isto, a mesma progressão aproveitava-se dos docentes que faleciam e dos que desistiam.
Ignora-se a percentagem dos docentes que chegavam ao 10.º escalão, mas devia andar perto dos 100 por cento, e só a inépcia do Ministério da Educação não permite saber do rigor dessa percentagem.
Se assim é, confrontemos agora a percentagem de êxito dos docentes na carreira (+ou- 100%) com a percentagem de fracasso dos alunos, ao nível de aproveitamento e/ou de abandono escolar.
E mesmo que assim não fosse, somos tentados a encontrar paralelos entre o panorama educacional português da actualidade e o descrito neste texto de Arthur Schopennauer (1778-1860):-O que em sociedade desagrada aos grandes espíritos é a igualdade de direitos e, portanto, de pretensões, em face da desigualdade de capacidades, de realizações (sociais) dos outros. A chamada boa sociedade admite méritos de todo o tipo, menos os intelectuais: estes chegam a ser contrabando. Ela obriga-nos a demonstrar uma paciência sem limites com qualquer insensatez, loucura, absurdo,ou obtusidade. Por outro lado, os méritos pessoais devem mendigar perdão ou ocultar-se, pois a superioridade intelectual, sem interferência nenhuma da vontade, fere pela sua mera existência. Eis porque a sociedade, chamada boa, não tem só a desvantagem de pôr-nos em contacto com homens que não podemos louvar nem amar, mas também a de não permitir que sejamos nós mesmos, tal qual é conveniente à nossa natureza. Antes nos obriga, por conta do uníssono com os demais, a encolhermo-nos ou mesmo a desfigurarmo-nos”(in “Aforismos para a Sabedoria da Vida”).