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Socrates - Dias horribilis


É difícil imaginar que há umas semanas atrás a esmagadora maioria dos comentadores e blogs dizia que um dos grandes problemas do país era a ausência de oposição ao governo. Se por oposição se entende apenas os partidos, o argumento tem peso. Mas em muitas análises, o ponto era que Sócrates pura e simplesmente tinha o campo aberto, que ninguém lhe fazia frente. Esse argumento era fraco na altura. Hoje, já ninguém se atreve a defende-lo.
Antes pelo contrário! Como é típico nestes casos, o zeitgeist passou de um extremo para o outro. Agora, de acordo com o consenso que se lê hoje, Sócrates “cede” a Cavaco, “apazigua” Alegre, “pisca o olho” ao Bloco de Esquerda e é “forçado” pelo PS. Antes, Sócrates “não ouvia” as populações, agora “responde à rua”. Antes Sócrates “tinha secado o PS”, agora “responde ao aparelho”. Era temerário, agora é temeroso.
Estes rótulos, politicamente, sâo relevantes e não são mais de que o resultado de erros, fraquezas e desgaste do governo. O que estamos a ver neste mensis horribilis de Sócrates é o resultado disso.
Tal, talvez não represente uma mudança estrutural na acção, postura e estratégia do primeiro ministro. Estamos apenas num momento no qual a “política” está mais visível.