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Afinal não somos parvos


Há uns tempos a esta parte começámos a habituar-nos a não dar ouvidos ao que se lê nos jornais e se ouve nos noticiários. Chegamos à conclusão de que aquilo que tem marcado a agenda mediática, desde as armas do Iraque, ao processo Casa Pia ou ao drama dos McCann, são mais entretenimento para terceira idade, do que assuntos que realmente interessem aos cidadãos e ao pais...
(1 comentário)

Quando um jornal de referência ocupa páginas inteiras a escrutinar a vida de um político de quem económicamente não gosta, para descobrir que há 20 anos ele recebeu 50 contos sem passar recibo ou copiou num exame, ficamos esclarecidos sobre a bondade da informação que temos. Mas o pior de tudo é ouvir, na boleia da agenda mediática, os ridículos lances de retórica dos protagonistas partidários e comentadores oficiosos.
No meio de tudo, vamos sabendo dos milhões que desaparecem ou aparecem nas mãos de alguns figurantes. Mas serão estas notícias melhores do que as outras? E não será a inveja que as faz correr? Resta então esperar que a Justiça nos esclareça. Afinal, vivemos num Estado de Direito.
Porém, o costume da nossa Justiça é adiar, prolongando eternamente os julgamentos. E enquanto eles se prolongam, é sensato que não se fale, sob pena de os influenciar. Tudo cai então no esquecimento. Tanto cuidado, assim, alimenta o cepticismo. É por isso que as últimas declarações do Bastonário da Ordem dos Advogados têm uma frescura que há muito não se via.

(comentário)
Se eu fosse crente diria "aleluia" ou "saravá" ou coisa do género!
Pelo facto de haver ainda alguém lúcido e "desalinhado" em Portugal, entenda-se!
Enviei há dias uma mensagem para a O. dos Advogados de que partilho uma parte:
"...Nunca pensei ouvir um Bastonário da Ordem dos Advogados portugueses dizer o que este disse! Acho que é mais um sintoma de que Portugal está, de facto, a mudar. São coisas com dezenas, quando não centenas, de anos mas lá que Portugal muda, lá disso não haja dúvida! E para melhor! Como cidadão e contribuinte tiro o meu chapéu e faço a devida vénia ao actual Bastonário."
E permita-me acrescentar a minha suspeição sobre aqueles que, quando surje uma voz a falar de corrupção em Portugal, se levantam indignados a clamar por provas. "Então provem". "Avancem com os nomes", etc. Os Pachecos Pereiras e Lobos Xavieres sabem que não é pela existência de denúncias, ou até provas, que um bom advogado não consegue evitar uma condenação. Além de que o julgamento e a sentença são dadas pelos Tribunais e estes...